quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Brasil pode compartilhar sistema de monitoramento da Amazônia

Brasil pode compartilhar sistema de monitoramento da Amazônia
quarta-feira, 25 de novembro de 2009 21:31

Por Fernando Exman
MANAUS (Reuters) - Os países amazônicos negociam com o Brasil a utilização compartilhada do sistema de monitoramento de desmatamento florestal por meio de satélite, afirmou nesta quarta-feira o secretário-geral da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), Manuel Picasso.
Segundo ele, no entanto, há ainda a preocupação de alguns dos países quanto à capacidade do satélite de captar dados além dos referentes à proteção do meio ambiente.
"Há perguntas técnicas sobre até que nível de claridade (das imagens) se consegue", disse Picasso a jornalistas, referindo-se à apreensão dos governos da região quanto à segurança de informações estratégicas.
Segundo o secretário-geral da OTCA, instituição que tem promovido as conversas sobre o assunto, os recursos do Fundo Amazônia poderiam financiar a iniciativa. O Fundo Amazônia tem como objetivo captar doações para financiar ações de prevenção, monitoramento e combate ao desmatamento.
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) é o gestor do fundo, que já celebrou contrato para receber doação da Noruega. Os recursos foram doados a fundo perdido, ou seja, sem perspectiva de retorno.
"Todos os países estão conscientes de que a Amazônia tem quer ser preservada e que deve haver tecnologias para a preservação", disse Picasso.
O secretário-geral da OTCA, embaixador peruano que está no cargo desde julho, lembrou que esse consenso decorre da constatação de que um país pode ser prejudicado e sofrer danos indiretos por contaminações ou danos ao meio ambiente ocorridos em um país vizinho.
"O tratado (da OTCA) é para isso: se um país tem uma tecnologia boa, como o Brasil, compartilha", disse Picasso. "É de interesse de todos ter uma Amazônia saudável."
AUSÊNCIAS NA REUNIÃO DE CÚPULA
As conversas sobre esse assunto ocorrem à margem da reunião de cúpula dos países amazônicos e a França, a ser realizada na quinta-feira em Manaus.
Segundo o Itamaraty, além do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apenas os presidentes Nicolas Sarkozy (França), Hugo Chávez (Venezuela) e Bharrat Jagdeo (Guiana) estarão presentes.
O governo do Peru enviou o vice-presidente, enquanto o Equador estará representado por seu chanceler e a Bolívia e o Suriname por seus ministros do Meio Ambiente.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Mulher lava panelas no rio na comunidade São Félix, na reserva ecológica Juma


Mulher lava panelas no rio na comunidade São Félix, na reserva ecológica Juma, no Amazonas 24/11/2009 REUTERS/Sergio Moraes
ESPECIAL-Amazônia espera por pacto global forte para o climaterça-feira, 24 de novembro de 2009 16:54
Por Stuart GrudgingsBOA FRENTE, Amazonas (Reuters) - O barco avança pelo rio de água esverdeada e leva José de Oliveira Quadro numa viagem que poderia ter sido inútil alguns anos atrás.Desconhecidos estavam pescando no lago de seu vilarejo e Quadro percorre duas horas de viagem para buscar ajuda no posto policial mais próximo dentro da Floresta Amazônica. Ele admite que provavelmente não se daria a esse trabalho antes de a comunidade ribeirinha ser incluída num projeto pioneiro que paga a cada família 50 reais por mês para que atuem como guardiões da floresta."Não posso deixar que eles tirem a comida de nossos pratos", disse o homem de 35 anos. "Graças a Deus temos mais ajuda hoje em dia."A viagem de Quadro é parte de um novo capítulo na longa batalha para salvar a maior floresta do mundo, considerada central aos esforços em Copenhague no mês que vem para desenhar um novo pacto global a fim de conter o aquecimento do planeta.Seu minúsculo assentamento é uma das 36 comunidades e das 320 famílias que recebem o pagamento na reserva do Juma, no primeiro projeto do governo para redução de emissões na Amazônia.Os projetos dentro do REDD -- sigla para Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação, que permite a venda de créditos para compensar a poluição de carbono de outro lugar - são poucos e escassos. Mas um acordo climático incluindo o REDD poderia ser um instrumento poderoso para reduzir o desmatamento, responsável por até 20 por cento das emissões de carbono mundiais -- mais do que todos os carros, navios e aviões do mundo inteiro somados."O mundo precisa entender que temos feito a nossa lição de casa, valorizando a floresta o máximo possível, testando boas práticas, e agora precisamos de uma resposta ou a população acabará pressionando a floresta para sobreviver", disse à Reuters o governador do Amazonas, Eduardo Braga.Versado nas minúcias das conversações sobre o clima global, Braga é a nova face de um Estado cujo governo anterior distribuía motosserras a madeireiros.O governador de 48 anos pôs em prática o programa "Bolsa Floresta", que distribui a quantia mensal a cerca de 7 mil famílias que moram na floresta, incluindo no Juma. Ele afirmou que um acordo forte sobre o REDD poderia aumentar o programa para 60 mil famílias até 2014 ou cerca de metade da população que vive na vasta floresta do Estado.PREOCUPAÇÕESSendo mais da metade da área de floresta remanescente no mundo e responsável por 55 por cento das emissões de gases-estufa do Brasil por meio de sua destruição, a Amazônia é tanto vilã como vítima da mudança climática.O REDD oferece uma forma possível de reduzir a destruição que pôs abaixo quase um quinto da floresta e de combater a pobreza que permanece em níveis africanos, apesar da ascensão econômica brasileira.Mesmo assim, a esperança mescla-se à preocupação com relação ao papel do setor privado e se os habitantes da floresta terão voz o suficiente nas decisões tomadas sobre eles feitas a milhares de quilômetros de distância.Bancos, empresas do mercado de carbono e companhias querendo incrementar suas credenciais ambientais estão mostrando seu interesse antes da conferência de Copenhague, com estimativas de que o REDD poderia trazer 16 bilhões de dólares anuais ao Brasil. A Coca Cola Co, o Bradesco e a cadeia de hotéis Marriott ajudam a financiar o projeto Bolsa Floresta.Grupos ambientalistas como o Greenpeace preocupam-se que o excesso de confiança nos mercados de carbono para obter fundos poderia resultar em especulação ou um excesso de créditos baratos, permitindo que os países ricos continuem a poluir a um custo muito baixo.Os críticos brasileiros do REDD dizem que ele corre o risco de tornar aceitáveis altos níveis de desmatamento na Amazônia. O governo brasileiro anunciou este mês a menor taxa de desmatamento em duas décadas, mas os 7 mil quilômetros quadrados destruídos no ano até agosto ainda equivalem a nove cidades de Nova York.A ajuda de 50 reais mensais é útil, mas não chega a ser transformador às rendas familiares de Juma.No entanto, para Quadro e outros habitantes de Juma, situada numa área ameaçada por invasões decorrentes de uma grande rodovia, o pagamento financiado por contribuições dos hóspedes do Marriott parece estar mudando a forma como vêm a floresta."Se tiramos as árvores das margens dos rios, o rio secará e afetará nossa pesca", afirmou. "Se tirarmos as árvores de nossa terra, isso afetará a nossa caça e não teremos comida para nossos filhos", disse ele.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Amazônia registra menor área desmatada em 21 anos

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anuncia, junto ao ministro de Meio Ambiente, Carlos Minc, que a Amazônia registrou o menor desmatamento em 21 anos, uma queda de cerca de 45 por cento em um ano, de acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
REUTERS/Roberto Jayme

Amazônia registra menor área desmatada em 21 anos
quinta-feira, 12 de novembro de 2009 20:48


BRASÍLIA (Reuters) - A Amazônia registrou o menor desmatamento em 21 anos, mostraram dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) anunciados nesta quinta-feira pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc.
Entre agosto de 2008 e julho deste ano foram destruídos 7.008 quilômetros quadrados de floresta, uma queda de cerca de 45 por cento em relação ao mesmo período do ano anterior. O período de agosto a julho é o ano-calendário para a medição da destruição da floresta.
"Foi uma redução extraordinária, significativa para o Brasil (...) hoje nós temos consciência que a questão do clima é a questão mais séria que estamos enfrentando", disse Lula.
O desmatamento registrado no período 2008-2009 é o menor desde que o Inpe começou a divulgar números da devastação da Amazônia, em 1988. Também é a primeira vez, desde o início da medição, que a área desmatada fica abaixo dos 10 mil quilômetros quadrados.
A queda no índice do desmatamento "foi obtido muito na pancada", disse Minc referindo-se ao fechamento de diversas serrarias e ao confisco de madeira na região amazônica.
"Estamos fazendo o dever de casa", comemorou a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, também presente ao anúncio.
Dilma acrescentou que o governo concluiu provisoriamente o número da redução de emissões dos gases que provocam o efeito estufa, que levará à Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre Mudanças Climáticas, em Copenhague, mas ressaltou que não se tratam de metas.
"É um compromisso voluntário do governo Lula", disse a ministra a jornalistas após o evento.
O Brasil afirmou nesta semana que irá propor uma redução das emissões em torno de 40 por cento até 2020. O anúncio oficial está marcado para a sexta-feira em São Paulo.
Minc ressaltou que o compromisso brasileiro não é apenas do governo federal, mas que a iniciativa privada terá de participar.
"Assim o Brasil vai poder mostrar para o mundo o que nós somos capazes de fazer", disse o ministro.
Ele cobrou do ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, um incentivo à aprovação de projetos de gestão ambiental que tramitam no Congresso Nacional.
A conferência do clima na capital dinamarquesa acontecerá entre 7 e 18 de dezembro. Pelo menos 190 países negociarão um novo acordo, que substituirá o Protocolo de Kyoto, de 1997, para enfrentar o aquecimento global.
Entre as principais divergências estão as metas de redução das emissões de gases-estufa entre países desenvolvidos e em desenvolvimento e como levantar bilhões de dólares para ajudar os países pobres a lidar com o impacto do aquecimento global.
Para mais informações sobre o histórico do desmatamento da Amazônia clique em .
(Reportagem de Ana Paula Paiva e Natuza Nery)

Desmatamento da Amazôniaquinta

SAIBA MAIS-Histórico do desmatamento da Amazôniaquinta-feira,

12 de novembro de 2009 17:30

SÃO PAULO (Reuters) - O governo anunciou nesta quinta-feira a menor taxa de desmatamento da Amazônia em 21 anos.De agosto de 2008 a julho de 2009 foram desmatados 7.008 quilômetros quadrados, queda de cerca de 45 por cento em relação a igual período em 2007-2008.Os dados são do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que considera o ano-calendário da destruição da floreta o período de agosto de um ano a julho do ano seguinte.Veja abaixo algumas informações sobre o histórico recente do desmatamento da Amazônia:* Os primeiros números do Inpe sobre o desmatamento da Amazônia foram divulgados em 1988.* Até a divulgação dos dados desta quinta-feira, o menor índice havia sido registrado em 1991, quando 11.030 quilômetros quadrados de floresta foram derrubados.* O recorde de maior desmatamento anual foi registrado em 1995, quando 29.059 quilômetros quadrados de floresta foram perdidos, área superior aos dos Estados de Alagoas e Sergipe.* Depois de seis anos com desmatamento anual abaixo dos 20 mil quilômetros quadrados, no período encerrado em 2002 a destruição da floresta somou 21.523 quilômetros quadrados.* A destruição da floresta voltou a crescer nos dois anos seguintes até atingir 27.772 quilômetros quadrados no período encerrado em 2004, segundo maior da série histórica.* Em meio a esse processo de aceleração do desmatamento, o governo federal anuncia, em 2004, um conjunto de ações para combater e prevenir o desmatamento.* Entre as medidas estavam a criação de milhões de hectares em áreas de preservação e o monitoramento em tempo real do desmatamento da floresta.* A área desmatada volta a cair nos períodos encerrados em 2005, 2006 e 2007, quando a devastação da floresta fica em 11.633 quilômetros quadrados, menor patamar desde 1991.* Entre agosto de 2007 e julho de 2008, o desmatamento da Amazônia volta a subir registrando 12.911 quilômetros quadrados de área desmatada.* O Brasil levará para a reunião sobre mudanças climáticas em Copenhague, em dezembro deste ano, o compromisso de reduzir em 80 por cento o desmatamento até 2020. A destruição de florestas é responsável pela maior parte das emissões brasileiras de gases causadores do efeito estufa.* Historicamente os Estados de Mato Grosso, grande produtor agrícola, e Pará, com extensa de criação de gado, se revezam no posto de maiores desmatadores da Amazônia.Fonte: Inpe(Compilado por Eduardo Simões; Edição de Maria Pia Palermo)