segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Fenômeno compromete segurança de famílias que vivem às margens do Rio Amazonas

http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM1179300-7823-FENOMENO+COMPROMETE+SEGURANCA+DE+FAMILIAS+QUE+VIVEM+AS+MARGENS+DO+RIO+AMAZONAS,00.html

Internautas podem enviar recados em vídeo para o Globo Amazônia

http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM1179226-7823-INTERNAUTAS+PODEM+ENVIAR+RECADOS+EM+VIDEO+PARA+O+GLOBO+AMAZONIA,00.html

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Brasil pode compartilhar sistema de monitoramento da Amazônia

Brasil pode compartilhar sistema de monitoramento da Amazônia
quarta-feira, 25 de novembro de 2009 21:31

Por Fernando Exman
MANAUS (Reuters) - Os países amazônicos negociam com o Brasil a utilização compartilhada do sistema de monitoramento de desmatamento florestal por meio de satélite, afirmou nesta quarta-feira o secretário-geral da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), Manuel Picasso.
Segundo ele, no entanto, há ainda a preocupação de alguns dos países quanto à capacidade do satélite de captar dados além dos referentes à proteção do meio ambiente.
"Há perguntas técnicas sobre até que nível de claridade (das imagens) se consegue", disse Picasso a jornalistas, referindo-se à apreensão dos governos da região quanto à segurança de informações estratégicas.
Segundo o secretário-geral da OTCA, instituição que tem promovido as conversas sobre o assunto, os recursos do Fundo Amazônia poderiam financiar a iniciativa. O Fundo Amazônia tem como objetivo captar doações para financiar ações de prevenção, monitoramento e combate ao desmatamento.
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) é o gestor do fundo, que já celebrou contrato para receber doação da Noruega. Os recursos foram doados a fundo perdido, ou seja, sem perspectiva de retorno.
"Todos os países estão conscientes de que a Amazônia tem quer ser preservada e que deve haver tecnologias para a preservação", disse Picasso.
O secretário-geral da OTCA, embaixador peruano que está no cargo desde julho, lembrou que esse consenso decorre da constatação de que um país pode ser prejudicado e sofrer danos indiretos por contaminações ou danos ao meio ambiente ocorridos em um país vizinho.
"O tratado (da OTCA) é para isso: se um país tem uma tecnologia boa, como o Brasil, compartilha", disse Picasso. "É de interesse de todos ter uma Amazônia saudável."
AUSÊNCIAS NA REUNIÃO DE CÚPULA
As conversas sobre esse assunto ocorrem à margem da reunião de cúpula dos países amazônicos e a França, a ser realizada na quinta-feira em Manaus.
Segundo o Itamaraty, além do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apenas os presidentes Nicolas Sarkozy (França), Hugo Chávez (Venezuela) e Bharrat Jagdeo (Guiana) estarão presentes.
O governo do Peru enviou o vice-presidente, enquanto o Equador estará representado por seu chanceler e a Bolívia e o Suriname por seus ministros do Meio Ambiente.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Mulher lava panelas no rio na comunidade São Félix, na reserva ecológica Juma


Mulher lava panelas no rio na comunidade São Félix, na reserva ecológica Juma, no Amazonas 24/11/2009 REUTERS/Sergio Moraes
ESPECIAL-Amazônia espera por pacto global forte para o climaterça-feira, 24 de novembro de 2009 16:54
Por Stuart GrudgingsBOA FRENTE, Amazonas (Reuters) - O barco avança pelo rio de água esverdeada e leva José de Oliveira Quadro numa viagem que poderia ter sido inútil alguns anos atrás.Desconhecidos estavam pescando no lago de seu vilarejo e Quadro percorre duas horas de viagem para buscar ajuda no posto policial mais próximo dentro da Floresta Amazônica. Ele admite que provavelmente não se daria a esse trabalho antes de a comunidade ribeirinha ser incluída num projeto pioneiro que paga a cada família 50 reais por mês para que atuem como guardiões da floresta."Não posso deixar que eles tirem a comida de nossos pratos", disse o homem de 35 anos. "Graças a Deus temos mais ajuda hoje em dia."A viagem de Quadro é parte de um novo capítulo na longa batalha para salvar a maior floresta do mundo, considerada central aos esforços em Copenhague no mês que vem para desenhar um novo pacto global a fim de conter o aquecimento do planeta.Seu minúsculo assentamento é uma das 36 comunidades e das 320 famílias que recebem o pagamento na reserva do Juma, no primeiro projeto do governo para redução de emissões na Amazônia.Os projetos dentro do REDD -- sigla para Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação, que permite a venda de créditos para compensar a poluição de carbono de outro lugar - são poucos e escassos. Mas um acordo climático incluindo o REDD poderia ser um instrumento poderoso para reduzir o desmatamento, responsável por até 20 por cento das emissões de carbono mundiais -- mais do que todos os carros, navios e aviões do mundo inteiro somados."O mundo precisa entender que temos feito a nossa lição de casa, valorizando a floresta o máximo possível, testando boas práticas, e agora precisamos de uma resposta ou a população acabará pressionando a floresta para sobreviver", disse à Reuters o governador do Amazonas, Eduardo Braga.Versado nas minúcias das conversações sobre o clima global, Braga é a nova face de um Estado cujo governo anterior distribuía motosserras a madeireiros.O governador de 48 anos pôs em prática o programa "Bolsa Floresta", que distribui a quantia mensal a cerca de 7 mil famílias que moram na floresta, incluindo no Juma. Ele afirmou que um acordo forte sobre o REDD poderia aumentar o programa para 60 mil famílias até 2014 ou cerca de metade da população que vive na vasta floresta do Estado.PREOCUPAÇÕESSendo mais da metade da área de floresta remanescente no mundo e responsável por 55 por cento das emissões de gases-estufa do Brasil por meio de sua destruição, a Amazônia é tanto vilã como vítima da mudança climática.O REDD oferece uma forma possível de reduzir a destruição que pôs abaixo quase um quinto da floresta e de combater a pobreza que permanece em níveis africanos, apesar da ascensão econômica brasileira.Mesmo assim, a esperança mescla-se à preocupação com relação ao papel do setor privado e se os habitantes da floresta terão voz o suficiente nas decisões tomadas sobre eles feitas a milhares de quilômetros de distância.Bancos, empresas do mercado de carbono e companhias querendo incrementar suas credenciais ambientais estão mostrando seu interesse antes da conferência de Copenhague, com estimativas de que o REDD poderia trazer 16 bilhões de dólares anuais ao Brasil. A Coca Cola Co, o Bradesco e a cadeia de hotéis Marriott ajudam a financiar o projeto Bolsa Floresta.Grupos ambientalistas como o Greenpeace preocupam-se que o excesso de confiança nos mercados de carbono para obter fundos poderia resultar em especulação ou um excesso de créditos baratos, permitindo que os países ricos continuem a poluir a um custo muito baixo.Os críticos brasileiros do REDD dizem que ele corre o risco de tornar aceitáveis altos níveis de desmatamento na Amazônia. O governo brasileiro anunciou este mês a menor taxa de desmatamento em duas décadas, mas os 7 mil quilômetros quadrados destruídos no ano até agosto ainda equivalem a nove cidades de Nova York.A ajuda de 50 reais mensais é útil, mas não chega a ser transformador às rendas familiares de Juma.No entanto, para Quadro e outros habitantes de Juma, situada numa área ameaçada por invasões decorrentes de uma grande rodovia, o pagamento financiado por contribuições dos hóspedes do Marriott parece estar mudando a forma como vêm a floresta."Se tiramos as árvores das margens dos rios, o rio secará e afetará nossa pesca", afirmou. "Se tirarmos as árvores de nossa terra, isso afetará a nossa caça e não teremos comida para nossos filhos", disse ele.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Amazônia registra menor área desmatada em 21 anos

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anuncia, junto ao ministro de Meio Ambiente, Carlos Minc, que a Amazônia registrou o menor desmatamento em 21 anos, uma queda de cerca de 45 por cento em um ano, de acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
REUTERS/Roberto Jayme

Amazônia registra menor área desmatada em 21 anos
quinta-feira, 12 de novembro de 2009 20:48


BRASÍLIA (Reuters) - A Amazônia registrou o menor desmatamento em 21 anos, mostraram dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) anunciados nesta quinta-feira pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc.
Entre agosto de 2008 e julho deste ano foram destruídos 7.008 quilômetros quadrados de floresta, uma queda de cerca de 45 por cento em relação ao mesmo período do ano anterior. O período de agosto a julho é o ano-calendário para a medição da destruição da floresta.
"Foi uma redução extraordinária, significativa para o Brasil (...) hoje nós temos consciência que a questão do clima é a questão mais séria que estamos enfrentando", disse Lula.
O desmatamento registrado no período 2008-2009 é o menor desde que o Inpe começou a divulgar números da devastação da Amazônia, em 1988. Também é a primeira vez, desde o início da medição, que a área desmatada fica abaixo dos 10 mil quilômetros quadrados.
A queda no índice do desmatamento "foi obtido muito na pancada", disse Minc referindo-se ao fechamento de diversas serrarias e ao confisco de madeira na região amazônica.
"Estamos fazendo o dever de casa", comemorou a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, também presente ao anúncio.
Dilma acrescentou que o governo concluiu provisoriamente o número da redução de emissões dos gases que provocam o efeito estufa, que levará à Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre Mudanças Climáticas, em Copenhague, mas ressaltou que não se tratam de metas.
"É um compromisso voluntário do governo Lula", disse a ministra a jornalistas após o evento.
O Brasil afirmou nesta semana que irá propor uma redução das emissões em torno de 40 por cento até 2020. O anúncio oficial está marcado para a sexta-feira em São Paulo.
Minc ressaltou que o compromisso brasileiro não é apenas do governo federal, mas que a iniciativa privada terá de participar.
"Assim o Brasil vai poder mostrar para o mundo o que nós somos capazes de fazer", disse o ministro.
Ele cobrou do ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, um incentivo à aprovação de projetos de gestão ambiental que tramitam no Congresso Nacional.
A conferência do clima na capital dinamarquesa acontecerá entre 7 e 18 de dezembro. Pelo menos 190 países negociarão um novo acordo, que substituirá o Protocolo de Kyoto, de 1997, para enfrentar o aquecimento global.
Entre as principais divergências estão as metas de redução das emissões de gases-estufa entre países desenvolvidos e em desenvolvimento e como levantar bilhões de dólares para ajudar os países pobres a lidar com o impacto do aquecimento global.
Para mais informações sobre o histórico do desmatamento da Amazônia clique em .
(Reportagem de Ana Paula Paiva e Natuza Nery)

Desmatamento da Amazôniaquinta

SAIBA MAIS-Histórico do desmatamento da Amazôniaquinta-feira,

12 de novembro de 2009 17:30

SÃO PAULO (Reuters) - O governo anunciou nesta quinta-feira a menor taxa de desmatamento da Amazônia em 21 anos.De agosto de 2008 a julho de 2009 foram desmatados 7.008 quilômetros quadrados, queda de cerca de 45 por cento em relação a igual período em 2007-2008.Os dados são do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que considera o ano-calendário da destruição da floreta o período de agosto de um ano a julho do ano seguinte.Veja abaixo algumas informações sobre o histórico recente do desmatamento da Amazônia:* Os primeiros números do Inpe sobre o desmatamento da Amazônia foram divulgados em 1988.* Até a divulgação dos dados desta quinta-feira, o menor índice havia sido registrado em 1991, quando 11.030 quilômetros quadrados de floresta foram derrubados.* O recorde de maior desmatamento anual foi registrado em 1995, quando 29.059 quilômetros quadrados de floresta foram perdidos, área superior aos dos Estados de Alagoas e Sergipe.* Depois de seis anos com desmatamento anual abaixo dos 20 mil quilômetros quadrados, no período encerrado em 2002 a destruição da floresta somou 21.523 quilômetros quadrados.* A destruição da floresta voltou a crescer nos dois anos seguintes até atingir 27.772 quilômetros quadrados no período encerrado em 2004, segundo maior da série histórica.* Em meio a esse processo de aceleração do desmatamento, o governo federal anuncia, em 2004, um conjunto de ações para combater e prevenir o desmatamento.* Entre as medidas estavam a criação de milhões de hectares em áreas de preservação e o monitoramento em tempo real do desmatamento da floresta.* A área desmatada volta a cair nos períodos encerrados em 2005, 2006 e 2007, quando a devastação da floresta fica em 11.633 quilômetros quadrados, menor patamar desde 1991.* Entre agosto de 2007 e julho de 2008, o desmatamento da Amazônia volta a subir registrando 12.911 quilômetros quadrados de área desmatada.* O Brasil levará para a reunião sobre mudanças climáticas em Copenhague, em dezembro deste ano, o compromisso de reduzir em 80 por cento o desmatamento até 2020. A destruição de florestas é responsável pela maior parte das emissões brasileiras de gases causadores do efeito estufa.* Historicamente os Estados de Mato Grosso, grande produtor agrícola, e Pará, com extensa de criação de gado, se revezam no posto de maiores desmatadores da Amazônia.Fonte: Inpe(Compilado por Eduardo Simões; Edição de Maria Pia Palermo)

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

CCJ aprova projeto que disciplina ocupação de terras na Amazônia Legal por estrangeiros

CCJ aprova projeto que disciplina ocupação de terras na Amazônia Legal por estrangeiros Iolando Lourenço Repórter da Agência Brasil

Brasília - A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados aprovou hoje (13), em caráter conclusivo, projeto de lei que regulamenta a ocupação de imóveis rurais na Amazônia Legal por estrangeiros. A proposta determina que, para ter a posse da terra, o estrangeiro terá que ter residência e domicilio há pelo menos dez anos na região. Pelo texto, que seguirá para apreciação do Senado se não houver recurso para votação no plenário da Câmara, a propriedade poderá ter até 15 módulos. Cada módulo na Amazônia equivale a 1.140 hectares.Segundo o relator do projeto, deputado José Genoino (PT-SP), a lei atual “é frágil em relação ao tamanho da terra, além de não conter exigência de o estrangeiro estar morando no Brasil há pelo menos dez anos”. Genoino explicou que a proposta também estabelece a exigência de um levantamento das propriedades na região ocupadas por estrangeiros, além de promover um maior controle das propriedades rurais ocupadas por estrangeiros.O parlamentar explicou que, aprovado o projeto e sancionada a nova lei, os órgãos federais terão prazo de seis meses para fazer um levantamento de todas as propriedades rurais na Amazônia ocupadas por estrangeiros, verificar se são produtivas, quais são suas dimensões e se os proprietários moram na região há pelo menos dez anos.Segundo ele, a atual legislação permite que estrangeiros, mesmo residentes em outros países, tenham a propriedade de até 50 módulos na Amazônia Legal. Segundo ele, a nova legislação não pode impedir essa regra, que foi estabelecida em legislação anterior, mas vai exigir que a propriedade seja produtiva, sob pena de ser desapropriada.Outra novidade do texto é a proibição de estrangeiros adquirirem imóvel rural na área de fronteira. No entanto, aqueles que já têm propriedades nessa situação podem continuar com elas, desde que provem que são produtivas e que se cadastrem nos órgãos federais. Genoino também informou que o estrangeiro que ocupe propriedade de até 50 módulos rurais e prove que o imóvel é produtivo poderá adquirir mais 15 módulos.O projeto, de autoria do deputado Nilson Mourão (PT-AC) e do ex-deputado José Dirceu (PT-SP), já foi aprovado pela Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara. Na votação de hoje na CCJ, o relator José Genoíno acatou o texto aprovado pela Comissão de Agricultura.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Nacional da Amazônia faz 32 anos e comemora destacando como vivem os povos da região

Brasília - O presidente da Fundação Nacional de Saúde, Danilo Forte, fala à Rádio Nacional da Amazônia sobre o lançamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para a Funasa

Brasília - A Rádio Nacional da Amazônia completa 32 anos hoje (1º) e no próximo sábado (5) é o Dia da Amazônia. Para comemorar as datas, a rádio organizou a série especial Viver na Amazônia, que será exibida durante a semana nas duas edições do Jornal da Amazônia. A primeira reportagem mostra como os amazônidas de cidades distantes acessam a internet.
Na maioria das vezes, o acesso é feito em lan houses, estabelecimentos onde há vários computadores, que prestam serviço ao público. A estudante Aurora Miranda Veras, de 39 anos, moradora de Gurupi, no Tocantins, faz pesquisas pela internet na lan house.
“Agora eu estou acabando minha pesquisa sobre uma escritora inglesa chamada Agatha Christie. Isso é pra minha aula de inglês, foi um trabalho que minha professora de inglês pediu. Para você acessar a internet, uma hora é um real, um real e meio, então tem pra todo mundo.
A estudante faz questão de reforçar que, embora a lan house da sua cidade já seja um ponto de encontro entre jovens e adultos, o local pode proporcionar outros serviços ao público além da diversão.Essa também é a opinião da Associação Brasileira de Centros de Inclusão Digital (Abcid). De acordo com a associação, as regiões Norte e Nordeste têm, proporcionalmente, mais lan houses e cyber cafés (lanchonetes que oferecem acesso à internet) do que as outras do Brasil. O presidente da Abcid, Mário Brandão, diz que no norte do país mais de 70% da população que usa a internet tem acesso à rede nas lan houses. Ele informa que já presenciou casos curiosos em comunidades bastante isoladas na Amazônia, como um ocorrido interior do estado do Acre.“É uma comunidade [à qual] você não tem acesso por estrada, você só chega lá de barco, a cidade não tem energia elétrica por fiação, mas, em uma margem do rio você tem uma lan house e na outra margem do rio você tem outra, basicamente acessadas por seringueiros e povos indígenas. As duas funcionam à base de gerador e com acesso via satélite".
Segundo Brandão, é grande a demanda da população por tecnologia. "É uma coisa que abre portas. As pessoas estão tendo acesso hoje, de maneira rápida e prática, à informação imediata, instantânea”. Para o presidente da Abcid, a lan house democratiza o acesso à informação. Por isso, ele acredita que a tendência é que o Poder Público use cada vez mais esse serviço em favor da população. Um exemplo disso é a cidade de Manaus, capital do Amazonas, onde a prefeitura fez uma parceria com 20 estabelecimentos, que foram equipados com máquinas de bilhetagem eletrônica para vender e carregar os cartões de meia passagem para estudantes. A chefe de Bilhetagem Eletrônica do Instituto Municipal de Trânsito e Transporte de Manaus, Maria Lúcia Miguês, afirma que as lan houses estão prontas para receber o estudante e para vender os créditos de maneira rápida e prática. “E também desmitificar aquela imagem de que lan house é só diversão. A gente está usando [esses estabelecimentos] para um bem comum, uma prestação de serviço e quem sabe, para orientar na parte acadêmica, de trabalhos de escola, de faculdade... Hoje em dia, a tecnologia está na porta de casa e a gente tem que aderir a ela”. Vale lembrar que, para evitar o acesso a conteúdos pornográficos ou impróprios para menores, os donos das lan houses podem bloquear páginas da internet pelo seu endereço eletrônico ou por palavras. Essa restrição pode ser feita em cada computador ou na rede inteira. Hoje, não existe uma norma federal específica a repeito das lan houses, mas alguns estados já têm legislação própria sobre o tema. Essas leis tratam, entre outras coisas, da distância que os estabelecimentos devem manter das escolas, da restrição do seu uso por menores de idade e de normas de segurança, como instalação de câmeras filmadoras. Muitas delas se baseiam no Artigo 149 do Estatuto da Criança e do Adolescente, que dá competência à autoridade judiciária para autorizar a entrada e a permanência de crianças ou adolescentes desacompanhados dos pais ou responsáveis em casa que explore comercialmente diversões eletrônicas.


Agência Brasil

Amazônia perdeu área equivalente à metade do município de São Paulo, diz Inpe



Brasília - O desmatamento na Amazônia em julho atingiu pelo menos 836,5 quilômetros quadrados (km²) de floresta, 157% a mais que o registrado em julho de 2008, quando o desmate foi de 323 km². Os dados são do relatório do Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), divulgado hoje (1°) pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A área de floresta derrubada equivale à metade do município de São Paulo.
O Pará se manteve na liderança do desmatamento, com 577 km² de derrubadas (quase 70% do total registrado em julho). No mesmo período, Mato Grosso derrubou 123,8 km² e o Amazonas aparece em seguida, com 47 km² a menos de florestas. No Maranhão, os novos desmatamentos atingiram 37,6km² e em Rondônia, 34,5 km².
O desmatamento medido pelos satélites em Roraima foi de 8,3 km²; no Tocantins, de 5,3 km²; e no Acre, de 3 km². Com menos nuvens que nos meses anteriores, em julho os satélites conseguiram observar 77% da Amazônia Legal. Apenas o do Amapá não foi monitorado, pois apresentou um índice de cobertura de nuvens de 96% no período.
A devastação ficou concentrado principalmente na região dos municípios de Novo Progresso e São Félix do Xingu, ambos no Pará, e na região leste do estado, na divisa com o Maranhão. Nos outros estados, o desmate foi disperso.Mais cedo, a organização não governamental Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) também divulgou dados sobre o desmatamento em julho, que apontaram derrubada de 532 km² de florestas, aumento de 63% em relação ao mesmo mês de 2008.
A medição do Deter considera as áreas que sofreram corte raso (desmate completo) e as que estão em degradação progressiva. O sistema serve de alerta para as ações de fiscalização e controle dos órgãos ambientais.
De agosto de 2008 até julho de 2009 (calendário para cálculo da taxa anual do desmatamento), o Deter registrou 4.375 km² de desmatamento na Amazônia Legal. No período anterior (agosto de 2007 a julho de 2008), a área devastada foi de 8.147km².
A redução verificada pelo Deter pode sinalizar queda na taxa anual de desmatamento, medida pelo Projeto de Monitoramento do Desflorestamento na Amazônia Legal (Prodes), também calculada pelo Inpe. O número atual (2007/2008) é de 11,9 mil km².


Agência Brasil

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Ibama vai liberar amanhã obras de pavimentação na BR-163



Brasília - O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) vai conceder amanhã (30) a licença de instalação para autorizar as obras de pavimentação em um trecho de 250 quilômetros da BR-163, que liga Cuiabá (Mato Grosso) a Santarém (Pará). Será a primeira de 11 licenças ambientais para grandes empreendimentos, que serão concedidas pelo Ibama até o fim de setembro.

Outras licenças para obras na mesma rodovia estão previstas para os dias 30 de agosto - pavimentação de mais 100 quilômetros - e 30 de setembro – pavimentação de 350 quilômetros. O presidente do Ibama, Roberto Messias, justificou o fracionamento como uma medida de segurança adotada pelo governo.

"Como é uma rodovia que passa por uma área que sofreu desmatamento extremo, temos que ter mais cuidado. Equipes fazem vistorias em cada um dos pedaços para ver se os problemas foram sanados em relação às populações tradicionais e aos impactos ambientais”, afirmou Messias.

Também obterão licenças nos próximos meses as obras da Transnordestina e da Ferronorte, ramais ferroviários considerados fundamentais para o escoamento da produção agrícola brasileira.

“Em algumas dessas estruturas, que ligam o Norte ao Sul do país, a área de produção no centro do Brasil aos portos, damos prioridade e vão ser licenciadas ferrovias e rodovias com este fim”, ressaltou Messias.

Já a pavimentação da Rodovia BR-319, que liga Porto Velho (Rondônia) a Manaus (Amazonas), deve ter de esperar por mais tempo pela obtenção da licença, já que envolve um impacto ambiental de grande proporção. Por ser uma rodovia que atravessa a parte mais preservada da Amazônia, foi criada uma série de condicionantes, como a consolidação de 10 milhões de hectares de parques, seis barreiras do Exército e três da Marinha.

“Essa criação de novas unidades de conservação, como tem enfatizado o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, não pode ser no papel apenas. Tem que ter efetivamente a implantação para que se possa ir à frente no licenciamento”, explicou Messias.



Brasília - O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) vai conceder amanhã (30) a licença de instalação para autorizar as obras de pavimentação em um trecho de 250 quilômetros da BR-163, que liga Cuiabá (Mato Grosso) a Santarém (Pará). Será a primeira de 11 licenças ambientais para grandes empreendimentos, que serão concedidas pelo Ibama até o fim de setembro.

Outras licenças para obras na mesma rodovia estão previstas para os dias 30 de agosto - pavimentação de mais 100 quilômetros - e 30 de setembro – pavimentação de 350 quilômetros. O presidente do Ibama, Roberto Messias, justificou o fracionamento como uma medida de segurança adotada pelo governo.

"Como é uma rodovia que passa por uma área que sofreu desmatamento extremo, temos que ter mais cuidado. Equipes fazem vistorias em cada um dos pedaços para ver se os problemas foram sanados em relação às populações tradicionais e aos impactos ambientais”, afirmou Messias.

Também obterão licenças nos próximos meses as obras da Transnordestina e da Ferronorte, ramais ferroviários considerados fundamentais para o escoamento da produção agrícola brasileira.

“Em algumas dessas estruturas, que ligam o Norte ao Sul do país, a área de produção no centro do Brasil aos portos, damos prioridade e vão ser licenciadas ferrovias e rodovias com este fim”, ressaltou Messias.

Já a pavimentação da Rodovia BR-319, que liga Porto Velho (Rondônia) a Manaus (Amazonas), deve ter de esperar por mais tempo pela obtenção da licença, já que envolve um impacto ambiental de grande proporção. Por ser uma rodovia que atravessa a parte mais preservada da Amazônia, foi criada uma série de condicionantes, como a consolidação de 10 milhões de hectares de parques, seis barreiras do Exército e três da Marinha.

“Essa criação de novas unidades de conservação, como tem enfatizado o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, não pode ser no papel apenas. Tem que ter efetivamente a implantação para que se possa ir à frente no licenciamento”, explicou Messias.

Fonte: Agência Brasil

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Florestas são estratégia mais viável para sequestro de carbono

Foto: Antonio Cruz
Manaus - O representante do Ministério de Ciências e Tecnologia, Luiz Gylvan Meira Filho, faz palestra sobre Tecnologias para o Sequestro de Carbono, na Universidade Federal do Amazonas

Manaus - O representante do Ministério de Ciências e Tecnologia, Luiz Gylvan Meira Filho, faz palestra sobre Tecnologias para o Sequestro de Carbono, na Universidade Federal do Amazonas Manaus - As tecnologias de sequestro de carbono serão fundamentais para que o mundo consiga reduzir ou pelo menos estabilizar a quantidade de dióxido de carbono (CO2 ) – um dos gases que intensificam o efeito estufa e aceleram o aquecimento global - na atmosfera. De acordo com o professor do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP) Luiz Gylvan Meira, entre as tecnologias disponíveis atualmente, o reflorestamento é a mais viável e de mais fácil aplicação no curto prazo, o que coloca o Brasil em vantagem no cenário internacional.O pesquisador comparou a estabilização de carbono na atmosfera a um grande tanque de água em que para manter o nível constante é preciso fechar a torneira – cortar as emissões de gases estufa – ou aumentar o ralo – que seriam os sumidouros de carbono.“Não há uma maneira fácil de fazer isso, em que você abra a lista telefônica e encontre empresas que façam o sequestro”, disse hoje (15), durante conferência na 61ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).Meira apresentou as diversas possibilidades técnicas de sequestro de carbono, a maioria ainda em processo de pesquisa e desenvolvimento. A opção mais viável atualmente, segundo o especialista, é a captura por florestamento ou reflorestamento, aproveitando a capacidade natural que as plantas têm de absorver carbono, por meio da fotossíntese.“A [técnica] que se sabe fazer melhor até agora é o plantio de árvore. Há uma experiência boa. E o Brasil tem grande potencial com ações de florestamento e reflorestamento, de florestas comerciais e de nativas também.”Outra possibilidade que já tem apresentado resultados positivos em testes é o que a ciência chama de “fertilização de oceanos”. A ideia é espalhar ferro nos oceanos para estimular o crescimento de algas e plantas microscópicas – o chamado fitoplâncton –, que assim como a vegetação da superfície também realiza fotossíntese e retira carbono na atmosfera.No entanto, segundo Gylvan Meira, ainda há dúvidas sobre o destino do carbono dentro dos oceanos. “Faltam alguns experimentos para ver se o carbono realmente afunda, o que essencial”. Caso contrário, todo o gás carbônico sequestrado poderia voltar para a atmosfera por causa da movimentação das correntes marítimas.Um dos principais entraves para a implantação de tecnologias de captura de carbono é o custo dos projetos. Meira calcula que para retirar 1 tonelada de CO2 são necessários, em média, R$ 140, quase o dobro do valor pago pela mesma quantidade no mercado de carbono. Ou seja, como o custo é maior que o lucro que pode ser obtido com a venda dos créditos de carbono, o sequestro ainda não é um negócio lucrativo do ponto de vista econômico.“Para baixar o preço tem que ter escala grande. Precisa de apoio do governo, alguém precisa pagar isso”, defendeu.


Fonte: Agência Brasil

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Sociedade brasileira de ciência discute desenvolvimento sustentável da Amazônia


Manaus - Cientistas, pesquisadores, professores e estudantes estarão em Manaus, de hoje (12) a sexta-feira (17), para debater o papel da ciência para o desenvolvimento da Amazônia durante a 61º reunião anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Mais de 175 atividades estão previstas durante o encontro, no campus da Universidade Federal do Amazonas (Ufam).
Com o tema Amazônia: Ciência e Cultura, as palestras, simpósios, minicursos, encontros de sociedades científicas e assembléias devem atrair cerca de 18 mil pessoas, segundo estimativas da organização. Entre os núcleos temáticos estão culturas amazônicas, saberes tradicionais, ocupação e questões fundiárias da região, história natural e humana, clima, saúde e o Ano Internacional da Astronomia.
Sediada em 2007 em Belém, a reunião da SBPC volta à Amazônia, depois de passar por Campinas, para colocar a região no centro da discussão sobre o desenvolvimento científico e tecnológico do Brasil, com foco na biodiversidade e nas populações da maior floresta tropical do planeta.
As consequências das mudanças climáticas sobre a floresta, o pagamento por serviços ambientais e pelo uso de recursos naturais pela indústria química, o conhecimento indígena vão ser debatidos por especialistas de todo o país. A expansão do agronegócio na Amazônia Legal também deve vai ser discutida.
Além da agenda principal, também fazem parte da programação a SBPC Jovem (voltada para estudantes do ensino básico), a SBPC Cultural (com manifestações de artistas da região), a ExpoT&C (com estandes de empresas e instituições ligadas à tecnologia e ciência), feiras de livro e artesanato e uma exposição sobre o cientista Charles Darwin.
O encontro será aberto hoje, às 19h, pelo ministro de Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, pelo presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Jorge Guimarães e pelos anfitriões da reunião, Marco Antônio Raupp, presidente da SBPC, Eduardo Braga, governador do Amazonas e pela nova reitora da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Márcia Perales, entre outras autoridades.
Rezende, deverá apresentar um balanço do Plano de Ação de Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Nacional, o chamado PAC da Inovação e detalhar programas específicos para o desenvolvimento científico na Amazônia.


Fonte: Agência Brasil

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Regularização de terras na Amazônia

Foto de Celso Junior/AE

Ação contra lei pode tornar interminável regularização de terras na Amazônia, diz Minc

Brasília - O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, disse hoje (9) que a ação direta de inconstitucionalidade (Adin) movida pela procuradora-geral da República em exercício, Deborah Duprat, contra a Lei nº 11.952/2009 poderá tornar o processo de regularização fundiária na Amazônia interminável.Na ação, ajuizada no Supremo Tribunal Federal (STF), a procuradora questiona a dispensa de vistoria de áreas de até 400 hectares (o equivalente a quatro módulos fiscais), sob o argumento de que isso abriria brecha para terceiros, ou seja pessoas que não estão na terra de fato, receberem a titularidade ou o direito de uso.Segundo Minc, a vistoria obrigatória triplicará o custo do processo de regularização, que não terá prazo para encerrar . “Se o Incra [Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária] tiver que ir lá verificar áreas com um módulo, dois módulos, nunca mais vai terminar a regularização”, disse o ministro à Agência Brasil. A procuradora contesta ainda os artigos sobre violação do direito de comunidades quilombolas e com prazos diferenciados de venda para os donos de pequenos terrenos e os de grandes áreas. A lei determina que as áreas legalizadas de até quatro módulos fiscais só poderão ser vendidas depois de dez anos. Para as áreas de quatro a 15 módulos fiscais (1,5 mil hectares), a espera é de apenas três anos.O superintendente de conservação da organização não governamental WWF Brasil, Cláudio Maretti, considerou correta e adequada a ação da Procuradoria-Geral da República. Segundo ele, o prazo reduzido para os donos das áreas maiores poderá significar a grilagem de terrenos em outros locais.“Os que ocupam áreas de maior tamanho não devem ter o mesmo tratamento dado aos pequenos”, disse Maretti, ao defender também que os posseiros recuperem as áreas degradadas como contrapartida para receberem o título do terreno. A procuradora Deborah Duprat aponta como falha da lei não incluir esse tipo de exigência. A Advocacia-Geral da União (AGU), responsável pela defesa do Executivo no Supremo, informou que não se manifestará sobre o assunto enquanto não for notificada oficialmente. O Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) também não comentou a ação. A lei surgiu da conversão da Medida Provisória 458, sancionada no dia 25 de junho pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na ocasião, Lula vetou artigo que dava a empresas o direito de serem donas de terras na Amazônia. ','').


Fonte: Agência Brasil

Pavimentação de rodovia na Amazônia




Ibama reprova estudo ambiental da pavimentação de rodovia na Amazonia
Brasília - O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) apresentado pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) para pleitear o licenciamento da restauração e pavimentação da BR-319, que liga Manaus a Porto velho, “não reúne as mínimas condições” que permitam avaliar a viabilidade ambiental da obra.A conclusão é de técnicos do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), apresentada em parecer divulgado hoje (8).
O documento de 177 páginas lista falhas na elaboração dos estudos, questiona as metodologias utilizadas para medir alguns dos impactos ambientais e sociais da obra e critica até a falta de revisão do EIA encaminhado pelo Dnit ao Ibama.
“Considerando as graves falhas no diagnóstico dos meios físico e biótico, bem como necessidade de complementações do meio socioeconômico, o EIA não reúne as mínimas condições e informações que permitam avaliar a viabilidade ambiental do empreendimento. Ao se considerar a avaliação de impactos e as correspondentes medidas mitigadoras propostas, o quadro piora”, aponta o parecer. Segundo o Ibama, algumas das medidas compensatórias sugeridas pelo Dnit são simplesmente “inexequíveis ou extrapolam as atribuições do empreendedor”.
Procurado pela Agência Brasil, o Dnit informou que os técnicos do órgão já estão trabalhando na elaboração de um pedido de revisão e resposta aos questionamentos complementares formulados pela equipe técnica do Ibama. O órgão defendeu a legitimidade do EIA, formulado pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e pela Coordenação de Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe) da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
O licenciamento da rodovia federal tem sido causa de polêmicas públicas entre os ministros do Meio Ambiente, Carlos Minc, e dos Transportes, Alfredo Nascimento. Minc, que chegou a suspender o processo de licenciamento da rodovia, diz que a licença só vai sair se o Dnit cumprir as medidas compensatórias. Já Nascimento acusa a área ambiental de travar a obra, uma das principais rodovias previstas pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) na Amazônia.
De acordo com o relatório do Ibama, “todos os impactos ao meio físico foram subdimensionados” e o provável aumento do desmatamento na região “foi quase descartado”. Os técnicos apontaram falhas em relação aos impactos sobre a flora e a fauna e enumeraram as consequências socioeconômicas da obra.
Em vistoria realizada na região do empreendimento, no fim de maio, e detalhada no parecer, os técnicos do Ibama dizem ter verificado aumento das áreas de desmatamento, presença de atividade de madeireiras “como pátios lotados de toras – demonstrando o avanço da exploração da área, mesmo antes da pavimentação” – e aumento das ocupações no entorno da rodovia.
No parecer, os técnicos também registraram que os custos ambientais da pavimentação da rodovia podem ser tão altos, que o empreendimento só será viável financeiramente se houver a adoção de políticas como o “combate ao desmatamento, aumento da fiscalização ambiental, contenção do avanço de atividades predatórias da floresta, criação e implementação de Unidades de Conservação, solução de conflitos etc”.
Além do pedido de complementação de informações, os técnicos fizeram uma série de recomendações e exigências para que o Ibama possa avaliar a viabilidade ambiental da BR-319, entre elas a elaboração de um novo diagnóstico sobre os impactos no meio físico, na fauna e flora da região e a proposição de medidas para reduzir as consequências negativas da implementação da rodovia. ',''


Fonte: Agência Brasil

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Fiscais apreendem quase meia tonelada de carne de animais silvestres no Amazonas

Foto: Ibama-AC/Divulgação


Caça era comercial, e carne seria vendida no Acre e Amazonas. Pacas, antas, jabutis e porcos-do-mato foram capturados por caçadores.
Cerca de 420 quilos de carne de paca, anta e porco-do-mato foram apreendidos em operações do Ibama realizadas na semana passada no sul do Amazonas, nas cidades de Guajará e Ipixuna. Além dos peças de animais silvestres, os fiscais também encontraram 15 jabutis vivos, 25 ovos de tracajá, duas peles de porco-do-mato e cinco espingardas.
Carne apreendida foi doada para entidades filantrópicas.
Segundo Adalberto Dourado, técnico ambiental que participou das operações, a caça era comercial, e a carne seria vendida em Guajará e Cruzeiro do Sul (AC). “Até pela quantidade [apreendida], não era para consumo próprio. Uma das pessoas que foram pegas contratou outra por R$ 50 para trabalhar por 15 dias [na caça]. É um autêntico traficante de carne de animais silvestres”, afirma. Duas pessoas foram presas, mas vários outros caçadores fugiram dos fiscais, abandonando equipamentos e carne na floresta.
Caça com cachorros
A carne de caça é muito apreciada na região, inclusive nas cidades, informa Dourado. Ele conta que o Ibama não age quando a quantidade é pequena e os animais são mortos para sustento das famílias. “O que a gente coíbe é a comercialização e a caçada com cachorros. Quando o cachorro é bom, acaba com a caça, e quando é ruim, espanta os animais da região”, explica. A carne apreendida na operação do Ibama foi doada entidades filantrópicas de Cruzeiro do Sul. Os jabutis vivos foram devolvidos à natureza. Se você vive ou viajou para a Amazônia e tem denúncias ou ideias para melhorar a proteção da floresta, entre em contato com o Globo Amazônia pelo e-mail mailto:globoamazonia@globo.com. Não se esqueça de colocar seu nome, e-mail, telefone e, se possível fotos ou vídeos.

Fonte: Iberê Thenório Do Globo Amazônia, em São Paulo

CRIMES CONTRA NATUREZA DENUNCIE

Se você vive ou viajou para a Amazônia e tem denúncias ou ideias para melhorar a proteção da floresta, entre em contato com o Globo Amazônia pelo e-mail globoamazonia@globo.com . Não se esqueça de colocar seu nome, e-mail, telefone e, se possível fotos ou vídeos.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Stephanes admite que pecuária desmata na Amazônia


O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, admitiu há pouco que a pecuária está entre os cinco maiores causadores de desmatamento na região conhecida como Amazônia Legal - um conceito que classificou de "ficção geográfica". Em audiência na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, que está sendo realizada neste momento, ele informou que um levantamento concluído no mês passado por técnicos do ministério comprova o impacto da pecuária no desmatamento, mas ressalvou há uma "dificuldade" importante para avaliar esse impacto, que é a abrangência do conceito de Amazônia."É possível que a pecuária tenha a maior extensão [de desmatamento], embora não tenha sido medida, mas há um problema nesta análise que é a mistura dos conceitos de Amazônia Legal e Amazônia", declarou. "Isso faz com que chegue ao exterior uma visão de que o bioma está sendo afetado, enquanto o problema está concentrado em uma ficção geográfica que é a Amazônia Legal", destacou. Stephanes não quis informar os outros quatro maiores responsáveis pelo desmatamento na Amazônia. Ele anunciou que o governo está adotando medidas para forçar o georeferenciamento das propriedades na região e a adoção da guia eletrônica para minimizar os impactos da pecuária no desmatamento da região. A audiência é realizada no plenário 2.


Fonte: Câmara - Rodrigo Bittar

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Teia de significados


Pôr-do-sol sobre o Rio Jutaí, na região da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Cujubim. Foto: Dida Sampaio/AE


Rios e cidades são batizados em tupi, mãe dos idiomas indígenas do Brasil


MANAUS - Os sonoros nomes dos rios amazônicos, com seus significados misteriosos para os leigos, são parte da mística da região. Numa preleção feita no dia 25 de janeiro de 1889, o jurista e jornalista João Mendes de Almeida, presidente da Sociedade dos Homens de Letras de São Paulo, decodificou esses nomes, revelando uma intrincada teia de significados em tupi – a mãe dos idiomas indígenas do Brasil.
Solimões – Çuri-mã – “Altos e baixos e voltas”, por suas ilhas, canais intermediários e braços Madeira – Mã-nd-yêrê – “Impedimentos e voltas”, alusão às muitas cachoeiras e voltas que dá Trombetas – Terõ-mb-etá – “Muitas tortuosidades”, por causa do seu labirinto de canais, que formam ilhas Tefé – Té-cê – “Saída errada”, por desaguar, após uma curva, num grande lago, em vez de no rio principal Javari – I-abari – “Rio difícil”, por causa das cachoeiras e saltos Içá – I-çái – “Rio espalhado”, pela formação de alagadiços e canais Jutaí – Y-y-itá-í – “Continuamente escorado”, por correr entre penedos e margens altas Juruá – Yurù-yà – “Boca rachada”, por desaguar em vários canais, além da boca principal Japurá – I-apoî-rá – “Desatado em alagadiços”, porque durante a enchente se comunica com outros rios, sobre as várzeas Coari – Quà-ri – “Com poço”, por causa do grande lago em sua foz Purus – Pú-rú – “Tem comunicações”, por causa dos braços que o ligam ao Madeira e ao Coari.

Fonte: Lourival Sant’Anna (O Estado de São Paulo)

Máquina de fazer chuva


Crepúsculo sobre o Rio Jutaí, na região da Reserva Cujubim, no Amazonas. Foto: Dida Sampaio/AE

Vista áerea do sinuoso Rio Juruá. Quanto menos floresta, menos água é devolvida à atmosfera. Foto: Dida Sampaio/AE

Vista aérea da floresta Amazônica. Bioma inteiro tem 6,6 milhões de quilômetros quadrados. Foto: Dida Sampaio/AE

O canoeiro Leopoldo Barbosa pesca em uma manhã gélida no Rio Bóia. Foto: Dida Sampaio/AE


Metade da umidade que entra do Atlântico pelo Norte do País é reciclada pela floresta. Foto: Dida Sampaio/AE

A umidade que transpira da floresta abastece de água outras áreas do País – e os impactos lá são sentidos aqui

MANAUS - É uma máquina de fazer chuva funcionando a todo vapor. Às 5 horas da manhã, o sol já surge sobre a Amazônia. Parece mergulhado em uma espessa nuvem de umidade que emana da floresta em direção à atmosfera. Do alto de uma torre de alumínio de 54 metros, erguida no meio da mata, ao norte de Manaus, o ecólogo Flávio Luizão, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), assiste a tudo com atenção. E o especialista, que já viu aquilo centenas de vezes, ainda se espanta com a quantidade de água.
Olhando do alto é possível ver como a floresta mexe com o clima. De toda a umidade que entra do Atlântico pelo Norte do País e que vira chuva sobre a Amazônia, só metade é drenada de volta ao mar, levada pelos rios. A outra metade é reciclada pela floresta, devolvida à atmosfera e exportada para outras regiões, segundo o especialista Enéas Salati, da Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável. A maior parte é empurrada pelo vento em direção ao Centro-Oeste, Sudeste e Sul, ajudando a irrigar colheitas e abastecer hidrelétricas nas áreas mais produtivas do País.
A torre é uma das 16 instaladas na Amazônia como parte do Experimento de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia (LBA), um projeto internacional que há dez anos estuda as interações entre a biologia e o clima. Instrumentos científicos no solo e acoplados à estrutura metálica registram os sinais vitais da floresta: produção de vapor, radiação, variações de temperatura, gás carbônico que entra e sai.
Na baixa atmosfera, a umidade que transpira da floresta vai desaguar em um “rio voador” que flui do Atlântico e entra no País pela costa do Pará, carregado de água evaporada do oceano. Ao passar por cima da Amazônia, os vapores oceânico e da floresta se misturam, formando uma gigantesca carga de ar úmido. Cerca de metade, segundo os cientistas, vai virar chuva na própria região e metade será carregada para longe. Ao “bater” nos Andes, a corrente se volta para o sul e passa a fluir em direo à Bacia do Prata, passando sobre várias regiões do Brasil.
“Quando você toma um copo d’água em São Paulo, está bebendo água da Amazônia também”, diz o meteorologista Gilvan Sampaio, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Com o avanço do desmatamento, esse fluxo corre o risco de ser quebrado. Quanto menos floresta, menor é a transpiração e menos água é devolvida à atmosfera, prejudicando a formação de chuvas. Um trabalho publicado por Sampaio e outros pesquisadores mostra que uma redução de 40% na cobertura florestal do leste da Amazônia já seria suficiente para desencadear mudanças climáticas severas na região, com aumento de temperatura e redução dos índices pluviométricos.
“A Amazônia vai ficar mais seca, com certeza”, decreta o especialista José Marengo, meteorologista do Inpe. Quem vive fora da Amazônia também teria muito a perder. “Estudos indicam que a perda da floresta pode mudar os níveis de precipitação em vastas áreas do território da América do Sul, como o Centro-Sul, Sudeste e Sul do Brasil”, afirma Marengo, num relatório que escreveu sobre o tema para o projeto Brasil das Águas. “Pensando em cenários de mudança de clima, com o desmatamento aumentando, conseqüências diretas sobre as estações chuvosas são esperadas, embora ainda não seja possível quantificar essa mudança.”
Pode parecer paradoxal, mas é possível que, mesmo sem o vapor d’água da floresta, a quantidade de chuvas no Sul aumente com o desmatamento. O volume de vapor que entra do oceano pelo rio voador é enorme: 600 mil metros cúbicos de água por segundo, três vezes maior do que a vazão do Rio Amazonas, segundo o pesquisador Antonio Manzi, do Inpa. Sem a floresta para consumir parte desse fluxo, e com o agravamento das mudanças climáticas, o vapor do oceano poderá passar como um trem expresso pela Amazônia, chegando com muito mais força ao seu destino final. Em vez de funcionar como um sistema de irrigação, o rio voador se transformaria numa seqüência de enxurradas, com curtos eventos de chuva forte seguidos por longos períodos de estiagem – um cenário péssimo para a agricultura.
“O ar flui mais rápido sem a floresta e não dá tempo de chover. Só vai chover no final”, explica Marengo. “O Sul terá mais chuva, mas ela será mal distribuída. O efeito maior será de falta de água.”
Para alguns pesquisadores, o rio voador corre o risco de secar totalmente, transformando grandes áreas do Sudeste e do Sul em desertos. “Você tira a floresta e o continente inteiro pode virar uma savana”, sentencia o ecólogo Antonio Nobre, do Inpa. Ele se apóia no trabalho de uma dupla de físicos russos, segundo o qual a transpiração da floresta funciona como uma válvula de sucção que puxa o ar úmido do oceano para dentro do continente. O desmatamento enfraqueceria esse mecanismo, podendo provocar, até mesmo, uma mudança de direção dos ventos, que passariam a soprar umidade para fora do continente.
“Embora haja indicação de que o impacto hidrológico do desmatamento seria menor que o imaginado, ocorre o oposto”, afirma o biólogo Philip Fearnside, também do Inpa. A contribuição da Amazônia para as chuvas do resto do País, segundo ele, pode ser maior do que se imagina. “Podemos não saber a quantidade exata, mas é muito.”

Fonte: Herton Escobar (O Estado de São Paulo)

O maior bioma do mundo


Arara Vermelha, na floresta do Instituto Floresta Viva, no Amazonas. Foto: Dida Sampaio/AE


As escamas do peix
e Pirarucu são utilizadas como adereços de roupas e acessórios por estilistas. Foto: Dida Sampaio/AE

Pássaro na reserva de desenvolvimentos sustentável Cujubim Foto: Dida Sampaio/AE


O ribeirinho João Teofolo exibe couro de Onça Pintada caçada por ele na Reserva Cujubim. Foto: Dida Sampaio/AE

Peixe Tracajá, encontrado na beira do Rio Jutaí. Foto: Dida Sampaio/AE

Jacaré do rio Jutaí, na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Cujubim. Foto: Dida Sampaio/AE


Macaco na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Cujubim. Foto: Dida Sampaio/AE

Macaco Uacari vermelho, na floresta do Instituto Floresta Viva, no Amazonas. Foto: Dida Sampaio/AE

Nenhum outro país chega perto do Brasil em número de espécies

MANAUS - O Brasil abriga 13% das espécies da fauna e da flora existentes em todo o mundo – e a maior parte delas está na Amazônia. A floresta de 4,2 milhões de quilômetros quadrados é habitada por centenas de milhares de espécies de plantas, animais, fungos, bactérias. Um refúgio de suas matas ou um braço de seus rios pode conter mais espécies do que continentes inteiros.
A Amazônia brasileira tem 1.200 espécies conhecidas de aves. Só num raio de 150 km de Manaus é possível encontrar 800 delas, mais do que nos Estados Unidos e Canadá juntos (que têm 700). E ocorre o mesmo com os peixes: o número de espécies descritas na Amazônia (mais de 2 mil) é dez vezes maior que o de toda a Europa – apenas 200. Só no Lago Catalão, entre os Rios Negro e Solimões, em frente a Manaus, há 300 espécies conhecidas, segundo os especialistas do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).
As estimativas dos cientistas são de que só 10% das espécies existentes na Amazônia brasileira sejam conhecidas. Talvez menos. Ainda assim, na escala amazônica, 10% já englobam números espantosos. Só de anfíbios são 250 espécies catalogadas, ante as 81 da Europa. Os mamíferos são 311, com mais de 70 espécies de macacos e 122 de morcegos. As abelhas são 3 mil; borboletas e lagartas, 1.800. Em uma única árvore da Amazônia já foram encontradas 95 espécies de formigas – 10 a menos do que em toda a Alemanha.
Mas há uma imensidão ainda a ser desbravada. E não é preciso ir longe para encontrar novas espécies: mesmo no Rio Amazonas, o mais explorado da região, as descobertas são rotineiras – em 2005, foi identificado um exemplar de piraíba, que pode chegar as mais de 2 metros. Levantamentos recentes feitos com redes de arrasto revelaram um universo de peixes elétricos e outros animais exóticos que vivem nas regiões mais profundas do rio, em áreas de escuridão total. “Mesmo o que pensamos ser muito conhecido é pouco conhecido. É impressionante”, diz o especialista Jansen Zuanon, do Inpa. A média para o Brasil é de uma nova espécie de peixe de água doce descrita por semana.
No Museu Paraense Emílio Goeldi, em Belém, 70 novas espécies foram descritas nos últimos seis anos, incluindo vespas, aranhas, peixes, macacos, cobras e plantas. “Se tivéssemos mais pesquisadores, certamente descobriríamos muito mais”, diz a diretora do museu, Ima Vieira.
A maior parte da Amazônia ainda é território inexplorado pela ciência. Estima-se que até 70% das coletas feitas sobre biodiversidade na região estão restritas aos entornos de Manaus e Belém – onde estão o Inpa, o Museu Goeldi e as principais universidades da região. Diante do tamanho e da heterogeneidade da Amazônia, é o mesmo que observar a região por um buraco de fechadura. Faltam respostas para perguntas básicas: quantas espécies existem na região? Como elas estão distribuídas? Qual o papel de cada uma na natureza? Ninguém sabe dizer ao certo. A maior biodiversidade do planeta é também a mais desconhecida.
Organismos menores e altamente diversos, como os invertebrados (que constituem 95% das espécies animais do planeta), não têm nem estimativas. “Não chamo isso nem de lacuna; é uma cratera gigantesca de informação”, diz o ecólogo Thomas Lewinsohn, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), coordenador do maior levantamento sobre biodiversidade já feito no Brasil. E completa: “Nem é incapacidade dos cientistas, é um buraco negro mesmo. Não dá nem para chutar números.”
Não se trata apenas de saciar uma curiosidade científica. A falta de informações é uma ameaça direta à conservação da biodiversidade e dos serviços ambientais prestados por ela. “Como é que vamos entender o funcionamento de um ecossistema se nem conhecemos as espécies que fazem parte dele?”, pergunta o zoólogo Miguel Trefaut Rodrigues, da Universidade de São Paulo (USP).
O planejamento de obras e a definição de áreas para conservação, por exemplo, dependem diretamente desse conhecimento. “Produzimos muitas informações sobre a Amazônia, mas elas não estão organizadas de uma forma prática que possa nos dar respostas rápidas para perguntas importantes”, resume José Maria Cardoso da Silva, da ONG Conservação Internacional (CI).
A última Avaliação do Estado do Conhecimento da Biodiversidade Brasileira calculou o número de espécies conhecidas no Brasil entre 168 mil e 212 mil – uma diferença de 44 mil. Prever o número real de espécies (incluindo as desconhecidas) é ainda mais difícil. Lewinsohn estima um total entre 1,4 milhão e 2,4 milhões de espécies. Baseando-se no ritmo atual, com uma média de 700 novas espécies descritas por ano, serão necessários 1.200 anos até que seja conhecida toda a biodiversidade brasileira – incluindo a da Amazônia.
A lista oficial da fauna ameaçada do Brasil inclui 58 espécies da Amazônia – 9% do total. É pouco, se for levado em conta que muitas espécies provavelmente estão ameaçadas ou já foram extintas sem que os cientistas tenham tido chance de conhecê-las. “Certamente já perdemos muito mais do que conseguimos avaliar”, lamenta o ornitólogo Alexandre Aleixo, do Museu Goeldi.

Fonte: Herton Escobar (O Estado de São Paulo)

O maior rio do mundo


O barco Tanaka, que sai de São Gabriel da Cachoeira para Manaus pelo Rio Negro. Foto: Jonne Roriz/AE


A mais longa viagem fluvial da Terra leva 6.850 km


MANAUS - Quando estabeleceram, em junho deste ano, que o Amazonas é o rio mais longo do mundo, com base em expedição, marcações de GPS e imagens de satélites, os cientistas brasileiros e peruanos reafirmaram uma verdade que os índios andinos conheciam há mais de cinco séculos: seu verdadeiro formador é o Rio Ucayali, e não o Tunguragua. Essa constatação o torna mais comprido que o Nilo. Mas ela já estava escondida, durante todos esses séculos, nos nomes desses dois rios.
Numa impressionante pesquisa apresentada em 1889, o jurista João Mendes de Almeida mostrou que Tunguragua vem do tupi Tange-yrê-áquá, que significa “corre apressadamente atrás de outro”. E Ucayali é , na verdade, a corruptela de Oquâ-uâ-ré, o que “passa veloz e destramente adiante, deixando outro atrás”. Isso porque, apesar de nascer mais ao sul que o Tunguragua, o Ucayali “corre mais rápido” e se encontra com ele. Também a nascente de ambos já estava definida no século 18: é o Lago Lauricocha (Yâ-ri-qu’ógca, ou “tramado de fendas”, por sua origem vulcânica).
Para quem estranha essas explicações em tupi no berço do Império Inca, João Mendes faz mais revelações: o nome Peru vem de Pé-rú, que em tupi significa “tem caminho”, referência à estrada que cortava os Andes – que, por sua vez, vem de A’-ndi, ou “muitos picos”. O “povo tupi” foi a “primeira geração” das Américas, arremata o estudioso, depois de outras referências etimológicas que alcançam até o México.
Os nomes – ou a ignorância sobre eles – tiveram implicações geopolíticas que encurtaram o Rio Amazonas. Os portugueses não permitiram que o Rio Marañon, do qual o Tunguragua é afluente, e que desce estrepitosamente os Andes, chegasse com esse nome ao Brasil, por acreditar na lenda segundo a qual ele provinha de um suposto capitão espanhol que o teria descoberto. Na verdade, seu nome vem de Maran-nhã, em tupi o que “corre despropositadamente”.
Todas essas confusões decorrem do quanto o Amazonas é um rio improvável. Sua nascente está muito perto do Pacífico, a 5.300 metros de altitude, num pico seco e frio. Ali, ele começa como uma lâmina d’água, que em nada lembra o Parà-nà-guaçú, “semelhante ao mar grande”.
Antes de escolher seu caminho, ele hesita. Corre em geral na direção sul-norte, e chega a desenhar uma curva ao nor-noroeste, como se pretendesse fazer o caminho mais curto. Depois, num estreito chamado de Pongo de Manseriche, vira-se bruscamente para o leste. E lança-se na mais longa viagem de um rio na Terra: pelo menos 6.850 quilômetros (o Nilo tem 6.670), até desaguar do outro lado do continente.
Na verdade, o Amazonas já nasce violento, ao descer do Altiplano peruano, trocando de nome seguidamente. Quando chega à planície, muda de ritmo. De Benjamin Constant, na fronteira com o Peru, até o Atlântico, o rio desce apenas 65 metros, na sua travessia de 3.220 km do território brasileiro – o que dá um gradiente de 20 milímetros por quilômetro. Daí que sua velocidade média seja só de 2,5 km/h.
No caminho, o rio e seus mais de 7 mil afluentes tornam-se a comida, a estrada, a morada, o modo de vida de milhões de pessoas que habitam a sua bacia de 5.846.100 km², a mais vasta do mundo.
A Colômbia chama precipitadamente de Rio Amazonas o que, ao entrar no Brasil, torna-se apenas um braço do Amazonas brasileiro: o Solimões. Só a 1.620 km dali – 10 km depois de Manaus – é que o Solimões ganha o nome de Amazonas, ao se encontrar com o Rio Negro.
Não sem relutância. A água fria e esbranquiçada do moroso Solimões, repleta de sedimentos de rochas que seus afluentes trouxeram dos Andes, leva 6 km para começar a se misturar à do Negro, com sua cor de chá preto por causa dos ácidos da decomposição de material orgânico da floresta que ele e seus afluentes inundam, quente, veloz e bem mais raso.
De Manaus a Belém, o Amazonas se converte na mais importante hidrovia do Brasil, com 62% da carga transportada em rios no País. Por seus 1.650 km escoam os produtos da Zona Franca e chegam os seus componentes, os grãos do Rio Madeira e a bauxita do Trombetas, além do abastecimento de toda a região. Com 30 a 40 metros de profundidade, é navegável todo o ano, até mesmo por navios grandes.
De uma margem não se vê a outra. Com exceção do estuário, seu trecho mais largo fica perto da boca do Rio Xingu, com 13 km. Mas, durante as cheias, quando sobe até 13 metros, sua largura pode superar 50 km. A vazão média do Amazonas é de 170 mil m³ por segundo na altura de Óbidos (PA), onde atravessa sua mais estreita garganta, com 2.600 metros de largura. Abaixo dessa cidade, ele ainda recebe a água de afluentes importantes, como o Tapajós, o Xingu, o Pará e o Jari. Ainda assim, essa descarga é dez vezes a do Mississippi, o maior rio dos EUA.
Em 1500, o navegador espanhol Vicente Pinzón, considerado o seu descobridor, chamou-o de Mar Dulce, antes de seu compatriota Francisco Orellana associá-lo ao mito grego das amazonas.
Ao chegar ao Atlântico, o Rio Amazonas enfrenta-o como se acreditasse ser mesmo um “mar grande”, abrindo-se num estuário de 320 km de largura. Lança no oceano o equivalente a 11% de toda a massa de águas continentais do mundo. Suas águas doces e barrentas empurram violentamente as do mar por até 200 km, e esse encontro tumultuado forma vagalhões de até 5 metros de altura. Um terrível espetáculo, com um doce nome: pororoca, que quer dizer, simplesmente, “estrondo”.


Fonte: Lourival Sant’Anna (O Estado de São Paulo)

A maior floresta do mundo


São Gabriel da Cachoeira, cidade onde cerca de 90% da população é descendente de índios. Foto: Jonne Roriz/AE
Beleza e destruição cobrem metade do Brasil

MANAUS - A Amazônia tem escala e dimensão singulares e superlativas. É a maior floresta tropical do mundo e maior concentração da biodiversidade do planeta. Sua cobertura verde é uma embalagem viva sob a qual se esconde um universo de animais, plantas, micróbios, genes, climas, águas, índios, beleza e destruição. Cobre metade do território nacional. Não seria exagero dizer que o Brasil é o país da Amazônia, muito mais do que a Amazônia é a floresta do Brasil.
Se somadas as áreas de quase todos os países da Europa (excluindo os da antiga União Soviética), eles caberiam com folga dentro da superfície da Amazônia brasileira. O bioma inteiro tem 6,6 milhões de quilômetros quadrados, espalhados por nove países sul-americanos. O Brasil é dono de quase 65% disso, com mais de 4 milhões de km² de floresta. Só o Estado do Amazonas, com 1,6 milhão de km², tem quase cinco vezes a área da Alemanha ou três vezes o território da França, e é maior do que qualquer um dos outros países amazônicos – Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela, Guiana e Suriname, fora a Guiana Francesa, que é uma possessão.
Referências à Amazônia brasileira aparecem de duas maneiras distintas. A primeira é o bioma Amazônia, uma definição ecológica que considera apenas as áreas de formação florestal e seus ecossistemas associados; tem 4,2 milhões de km², ou 50% do território nacional. A outra, chamada Amazônia Legal, é uma região política, que abrange os sete Estados do Norte (Amazonas, Pará, Roraima, Amapá, Acre, Rondônia e Tocantins), mais Mato Grosso e metade do Maranhão. Tem pouco mais de 5 milhões de km² e foi definida originalmente como área de jurisdição da antiga Sudam, a Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia, extinta em 2001 e recriada neste ano. Além de áreas de floresta, inclui cerca de 730 mil km² de cerrado e outras formações naturais não florestais. Os 100 mil km² que sobram são as superfícies ocupadas pelos rios – um universo aquático quase do tamanho de Pernambuco. Normalmente, faz-se referência à Amazônia Legal quando se trata de dados econômicos; as estatísticas sobre desmatamento – ou desflorestamento – dizem respeito apenas às áreas de floresta. Desmatamentos em áreas de cerrado não são computados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Dentro disso tudo está a maior biodiversidade da Terra. São centenas de milhares de espécies de plantas e animais – ninguém sabe ao certo quantas –, forçadas a conviver com o predador mais inteligente e perigoso do reino animal, o homem. Segundo a última contagem do IBGE, 23,5 milhões de pessoas vivem na Amazônia. São apenas 13% da população brasileira, mas o suficiente para fazer um estrago de proporções planetárias.
O desflorestamento já consumiu 17% da Amazônia – 700 mil km², área equivalente a Minas Gerais, Rio e Espírito Santo somados. A maior parte foi transformada em madeira, carvão, carne e soja para saciar a demanda de mercados nacionais e internacionais. Mesmo com a dolorosa destruição provocada pelo homem, a Amazônia brasileira ainda é a maior extensão contínua de floresta tropical do mundo. A selva do Congo, segunda colocada, fica muito atrás, tanto em extensão (1,7 milhão de km²) quanto em número de espécies.
Um dos erros que se cometem é tratar a Amazônia como um “tapete verde” homogêneo. O que parece ser uma única floresta sem fim é, na verdade, um grande mosaico de paisagens e ecossistemas altamente diferenciados, compostos de planaltos, depressões, montanhas, terrenos alagados e de terra firme, rios de todos os tamanhos, águas de todas as cores, ácidas e alcalinas, florestas úmidas e secas, savanas, pântanos e manguezais, cada um com seu conjunto próprio de espécies e interações biológicas. “Já andei por muitos lugares na Amazônia e nunca vi duas localidades iguais”, diz a ecóloga Albertina Lima, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). “Cada lugar é diferente, cada um tem suas peculiaridades.”
No período das cheias, quando os rios invadem a floresta, a Amazônia tem mais áreas alagadas que o Pantanal. Tem também o maior conjunto de manguezais do mundo, com 14 mil km², no litoral de Pará e Maranhão. No interior da floresta se abrem grandes manchas de savana, idênticas a uma paisagem africana. A maior montanha do Brasil, o Pico da Neblina, com 2.993 metros, também está lá.
A idéia do tapete verde, além de equivocada, pode colocar em risco a preservação da biodiversidade, sugerindo que uma área é igual a outra, e que um desmatamento em Mato Grosso pode ser compensado com uma unidade de conservação no Amapá. Não pode. “Não faz sentido dizer que vamos preservar 10% ou 20% da Amazônia. Existem várias Amazônias, e todas merecem ser preservadas”, diz o biólogo José Maria Cardoso da Silva, vice-presidente de Ciência da ONG Conservação Internacional (CI).
Muitos cientistas trabalham com o conceito de grandes áreas de endemismo. São regiões separadas pelos grandes rios amazônicos, que funcionam como muralhas aquáticas, restringindo o fluxo de plantas e animais e, com isso, favorecendo a diferenciação geográfica de espécies. Por esse modelo, a Amazônia é um arquipélago de oito gigantescas ilhas fluviais, tão biologicamente distintas quanto os países europeus que cabem dentro delas. Só a área de endemismo Tapajós (entre os Rios Tapajós e Xingu), com 650 mil km², é maior do que toda a região Sul do Brasil (576 mil km²).
Outro modelo – usado pelo WWF e pelo Ibama – divide o bioma em 23 ecorregiões, agrupadas com base em características comuns de ecologia, geologia e clima.

Fonte: Herton Escobar (O Estado de São Paulo)

Prece de amazonense em São Paulo



Poema inspirado em Carlos Drummond de Andrade
Milton Hatoum

Espírito do Amazonas, me ilumina, e sobre o caos desta metrópole, conserva em mim ao menos um fio do que fui na minha infância. Não quero ser pássaro em céu de cinzas nem amargar noites de medo nas marginais de um rio que não renasce. O outro rio, sereno e violento, é pátria imaginária, paraíso atrofiado pelo tempo. Amazonas: Tua ânsia de infinito ainda perdura? Ou perdi precocemente toda esperança? Os que te queimam, impunes, têm olhos de cobre, mãos pesadas de ganância. Ilhas seres rios florestas: o céu projeta em mapas sombrios manchas da natureza calcinada. Tento abraçar a imagem fugidia de um barco à deriva no mormaço com os mitos que a linguagem inventa. Espírito amazonense, tímido talvez, e desconfiado para sempre, não me fujas em São Paulo, nem me deixes à mercê dos pesadelos que incendeiam o mundo. Se o Brasil te conhecesse antes do fim que se aproxima, salvaria tua beleza? Teus seres desencantados? Entenderia a ciência tua infinita riqueza? Abre a janela de um barco ante meus olhos, e que ao teu profundo rio conduza a memória de línguas estranhas e tantas histórias ocultadas: Amazonas.
São Paulo, Manaus, setembro de 2007

Fonte: Jornal O Estado de São Paulo